quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

CRISE DIPLOMÁTICA IV

 Nota: Progresso Nacional com fontes até no Senegal. Um blog que veio para ficar e
manter os guineenses informados sobre os principais assuntos da Guiné-Bissau.

Um documento oficial, emanado do Ministério das Pescas, vem contribuir para um maior esclarecimento do caso, com várias alegações contraditórias entre Senegal e Rússia, quanto ao local do arresto ter ou não sido em águas da Guiné-Bissau.


O documento, datado de 27 de Dezembro, não se refere ao Oleg Naydenov, mas ao Kapitan (e não Kaptan) Bogomolov, um dos quatro navios a que se referiram as autoridades senegalesas, como tendo «fugido» ao controlo, quatro dias antes.


Curioso é que as últimas coordenadas conhecidas desse segundo barco, registavam, tal como o Oleg Naydenov, uma entrada no porto de Dakar na madrugada do dia 20 de Dezembro, três dias antes, com saída ao fim da tarde.

Curioso igualmente, o facto de o documento vir rasurado e corrigido manualmente: onde se podia ler 12º42 Norte de latitude, foi corrigido, para Sul, primeiro para 12º24 e depois 12º18. Parece que o documento estava previamente preparado. Ou seja, ao dar pela saída da matilha, de Dakar, El-Ali preparou uma armadilha, para flagrar os russos com a «boca na botija». 

As coordenadas que os senegaleses fornecem para uma sinalização à vista (através de um avião) situam-se, curiosamente, uma vez mais, precisamente por altura da fronteira da Guiné-Bissau. No mapa, a vermelho, as coordenadas 12º18' N - 17º21' W. Não será excesso de zelo sinalizar um navio a sair das suas águas territoriais e a entrar nas de outro, sobretudo sabendo que este tinha passado, menos de três dias antes, pelo porto de Dakar.


Mas este é o caso do Bogomolov. No caso do Naydenov, não foram ainda formalmente apresentadas quaisquer acusações. No mapa acima, correspondendo aos barcos com as balizas electrónicas ligadas, ao meio-dia de hoje, pode ver-se o corredor marítimo em frente à Guiné-Bissau, com a passagem de cargueiros (verde) e petroleiros (vermelho vivo), mais perto da Guiné-Bissau, um barco de pesca coreano a operar, o Adventure. O mapa seguinte é uma ampliação mostrando o trajecto, desde ontem, do arrastão coreano.


Ao seu lado, um cargueiro com bandeira das Comores, bastante afastado do corredor marítimo. O seu percurso é bastante sinuoso e errático, como se podem ver em zooms sucessivos à sua trajectória.

 
Concluindo: finalmente, como o Progresso Nacional tinha pedido desde o princípio, os jornalistas senegaleses conseguiram um documento oficial fornecendo coordenadas precisas, mesmo não se reportando ao arrastão arrestado, mas um outro. Descobrimos com agrado os meios de pesquisa disponíveis pela internet, e concluímos que poderia ser criada uma base de dados nacional de tráfego marítimo, associada a um observatório. Sem grandes custos, isso já seria uma forma de vigilância.

Ao nível regional, senão mesmo internacional, este caso ensina-nos também que seria da máxima utilidade uma lei que obrigasse as embarcações, a partir de certo porte, a trazer continuamente ligadas as suas balizas electrónicas permitindo rastrear a sua trajectória.