manter os guineenses informados sobre os principais assuntos da Guiné-Bissau.
Um documento oficial, emanado do Ministério das Pescas, vem contribuir para um maior esclarecimento do caso, com várias alegações contraditórias entre Senegal e Rússia, quanto ao local do arresto ter ou não sido em águas da Guiné-Bissau.
O documento, datado de 27 de Dezembro, não se refere ao Oleg Naydenov, mas ao Kapitan (e não Kaptan) Bogomolov, um dos quatro navios a que se referiram as autoridades senegalesas, como tendo «fugido» ao controlo, quatro dias antes.
Curioso é que as últimas coordenadas conhecidas
desse segundo barco, registavam, tal como o Oleg Naydenov, uma entrada
no porto de Dakar na madrugada do dia 20 de Dezembro, três dias antes,
com saída ao fim da tarde.
Curioso igualmente, o facto de o documento vir
rasurado e corrigido manualmente: onde se podia ler 12º42 Norte de
latitude, foi corrigido, para Sul, primeiro para 12º24 e depois 12º18.
Parece que o documento estava previamente preparado. Ou seja, ao dar
pela saída da matilha, de Dakar, El-Ali preparou uma armadilha, para
flagrar os russos com a «boca na botija».
As coordenadas que os senegaleses fornecem para uma
sinalização à vista (através de um avião) situam-se, curiosamente, uma
vez mais, precisamente por altura da fronteira da Guiné-Bissau. No mapa,
a vermelho, as coordenadas 12º18' N - 17º21' W. Não será excesso de
zelo sinalizar um navio a sair das suas águas territoriais e a entrar
nas de outro, sobretudo sabendo que este tinha passado, menos de três
dias antes, pelo porto de Dakar.
Mas este é o caso do Bogomolov. No caso do Naydenov, não foram ainda
formalmente apresentadas quaisquer acusações. No mapa acima,
correspondendo aos barcos com as balizas electrónicas ligadas, ao
meio-dia de hoje, pode ver-se o corredor marítimo em frente à
Guiné-Bissau, com a passagem de cargueiros (verde) e petroleiros
(vermelho vivo), mais perto da Guiné-Bissau, um barco de pesca coreano a
operar, o Adventure. O mapa seguinte é uma ampliação mostrando o
trajecto, desde ontem, do arrastão coreano.
Ao seu lado, um cargueiro com bandeira das Comores, bastante
afastado do corredor marítimo. O seu percurso é bastante sinuoso e
errático, como se podem ver em zooms sucessivos à sua trajectória.
Concluindo: finalmente, como o Progresso Nacional tinha pedido
desde o princípio, os jornalistas senegaleses conseguiram um documento
oficial fornecendo coordenadas precisas, mesmo não se reportando ao
arrastão arrestado, mas um outro. Descobrimos com agrado os meios de
pesquisa disponíveis pela internet, e concluímos que poderia ser criada
uma base de dados nacional de tráfego marítimo, associada a um
observatório. Sem grandes custos, isso já seria uma forma de vigilância.
Ao nível regional, senão mesmo internacional, este
caso ensina-nos também que seria da máxima utilidade uma lei que
obrigasse as embarcações, a partir de certo porte, a trazer
continuamente ligadas as suas balizas electrónicas permitindo rastrear a
sua trajectória.