"O meu desejo é que unem todos à figura do
primeiro-ministro, Carlos Correia, e que façam um governo que trabalhe e
resolve os problemas do país. Se será de pouca duração ou por algum tempo mais,
não sei, mas o importante é que o governo persista, governe e resolva os
problemas mais urgente do país", apelou Pedro Pires.
O
ex-chefe de Estado cabo-verdiano falava aos jornalistas após uma audiência com
o actual presidente, Jorge Carlos Fonseca, tendo como tema central a convocação
do Conselho de Estado, com vista à marcação da data das eleições.
Pedro
Pires disse não querer entrar em muitos comentários sobre a situação política
na Guiné-Bissau, preferindo esperar o evoluir dos acontecimentos.
"Os
acontecimentos são os que tiveram lugar, foram imprevistos, mas outros poderão
ser imprevisíveis, de modo que há que ter a cautela e guardar algum
distanciamento e também ter alguma paciência e esperar que as coisas se
clarifiquem", salientou.
Pedro
Pires elogiou Carlos Correia, lembrando que são da mesma geração, e disse que
poderá desempenhar o papel de "aglutinador" neste "momento
crítico" no país.
"Eu
conheço bastante bem o primeiro-ministro Carlos Correia, estivemos juntos no
PAIGC, é a quarta vez que é nomeado e indicado para dirigir o Governo da Guiné
e isso significa que é uma pessoa com prestígio", sustentou.
Carlos
Correia tomou posse terça-feira como novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau,
dois meses depois de o Presidente guineense, José Mário Vaz, ter demitido o
executivo liderado por Domingos Simões Pereira.
O
ex-chefe de Estado cabo-verdiano comentou ainda as situações políticas em
Angola e Moçambique, que disse estar a acompanhar, mas lembrou que o
"processo de consolidação e edificação das instituições dos Estados
independentes é mais complexo e mais complicado do que se pensava".
"No
princípio, pensava-se que após ganhar a independência tudo estava resolvido,
mas afinal não é bem assim. Há um longo período de consolidação que nos obriga
a esforços acrescentados", sustentou, esperando que os problemas nos dois
países sejam resolvidos com resultados positivos.
Relativamente
ao encontro com o seu sucessor, Pedro Pires disse que serviu para apresentar a
sua agenda pessoal para o mês de Novembro para poder conjugar com a sua
presença na reunião do Conselho de Estado, para a marcação da data das próximas
eleições.
Sobre
as três eleições do próximo ano - legislativas, autárquicas e presidenciais -
Pedro Pires garantiu que vai "guardar algum distanciamento", mas
assumiu que será um ano eleitoral muito intenso que obrigará os atores
políticos, sobretudo os partidos, a se organizarem e a mobilizar meios para as
campanhas eleitorais.
Por
outro lado, espera que não seja um ano apenas de campanha eleitoral e que todos
trabalhem para fazer o país e as instituições funcionarem.
Jorge
Carlos Fonseca deverá ouvir nos próximos dias os partidos políticos com assento
parlamentar, o primeiro-ministro, organizações da sociedade civil e sindicatos,
entre outras autoridades antes de reunir o Conselho de Estado e marcar a data
das eleições.